A história do açúcar é uma jornada fascinante que atravessa continentes e milênios, transformando um ingrediente exótico em um item básico da nossa dieta.
Muito antes da invenção do açúcar granulado, os seres humanos satisfaziam seu paladar por doces de diversas formas naturais. A principal fonte de doçura era o mel, coletado de colmeias de abelhas selvagens e, posteriormente, de abelhas domesticadas. Além do mel, frutas naturalmente doces, como tâmaras, figos e uvas, secas ou frescas, eram amplamente utilizadas para adoçar alimentos e bebidas.
Em algumas regiões, o xarope de bordo (maple syrup) e o xarope de agave também eram empregados, enquanto em outras, as raízes de certas plantas forneciam um sabor adocicado. Assim, a busca por doçura é tão antiga quanto a própria humanidade, com a natureza oferecendo uma variedade de opções antes do surgimento do açúcar como o conhecemos hoje.
A cana-de-açúcar, planta da qual se extrai o açúcar, tem suas origens nas regiões tropicais do Sul e Sudeste da Ásia. Acredita-se que a Nova Guiné foi o local onde a cana foi domesticada pela primeira vez como cultura agrícola, por volta de 6000 a.C. Os primeiros agricultores guineenses e de outras partes do Sudeste Asiático já mastigavam a planta para desfrutar de seu suco doce.
A verdadeira revolução na produção de açúcar ocorreu na Índia, por volta do século VII d.C. Foi lá que se desenvolveu a técnica de solidificar o caldo extraído da cana-de-açúcar e transformá-lo em cristais granulados. Um dos primeiros nomes para essa novidade foi “sarkara”, em sânscrito, que significa “areia grossa”, e que mais tarde daria origem à palavra “açúcar” em diversas línguas.
Relatos históricos, como o do imperador persa Dario ao chegar à Índia, mencionam “canas que dão mel sem a ajuda das abelhas”, evidenciando a novidade do produto.
A partir do século VII, com a chegada dos árabes à Índia, o conhecimento sobre a produção de açúcar se expandiu significativamente. Os árabes não apenas aprenderam as técnicas indianas, mas também as aperfeiçoaram, desenvolvendo novos processos de fabricação. Eles foram os principais responsáveis por levar a cana-de-açúcar e o conhecimento de seu cultivo e processamento para o Oriente Médio, o Norte da África e, posteriormente, para a Península Ibérica (Al-Andaluz).
A presença árabe na Península Ibérica, do século VIII ao século XV, foi crucial para a difusão da cultura da cana-de-açúcar na Europa. Eles introduziram técnicas de irrigação e cultivo que permitiram o sucesso da plantação em novas regiões. O açúcar, durante esse período, tornou-se um artigo de luxo e um importante item comercial entre as regiões árabes e europeias.
Textos da época descrevem os processos de cozimento, filtração e cristalização do açúcar, mostrando a sofisticação da produção sob domínio árabe.
O contato dos europeus com o açúcar se intensificou durante as Cruzadas, nos séculos XI e XII, quando os cruzados retornaram do Oriente Médio com o produto e suas técnicas de produção.
Por ser de difícil cultivo na Europa e vir de terras distantes, o açúcar se tornou uma especiaria de alto custo, acessível apenas à nobreza e aos mais ricos, ganhando o apelido de “ouro branco”.
A partir do século XV, as Grandes Navegações abriram novos horizontes para o cultivo da cana-de-açúcar. As ilhas do Atlântico, como a Madeira e as Canárias, foram os primeiros locais onde os europeus estabeleceram plantações.
Com a chegada ao continente americano, a cana-de-açúcar encontrou terras propícias para seu cultivo em larga escala, especialmente no Brasil e no Caribe.
A produção massiva nas colônias americanas, muitas vezes utilizando mão de obra escrava, permitiu que os valores do produto diminuíssem significativamente.
A partir do século XVII, o açúcar começou a ter uma circulação mais expressiva e a se tornar mais acessível, deixando de ser um luxo e adentrando as cozinhas do mundo.
Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do mundo. O consumo global de açúcar tem crescido, e o Brasil se destaca como um dos maiores consumidores per capita, com uma média de consumo anual por brasileiro que supera a média mundial.
No entanto, o consumo excessivo de açúcar também se tornou uma preocupação de saúde pública, levando a esforços para reduzir o teor de açúcar em alimentos industrializados e conscientizar a população sobre escolhas alimentares mais saudáveis.
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